Royler Gracie critica lutadores de MMA que trocam jiu-jítsu por outra arte marcial.
"É interessante porque, no MMA, a gente tem dois técnicos. O técnico de jiu-jítsu, que é o esporte que eu faço há mais de 40 anos, e o técnico de boxe, que eu faço há dois anos. Só que o técnico de boxe ou muay-thai ou kung fu fala para mim que eu estou com um chute ou soco maravilhoso, que vou derrubar todo mundo e eu acabo acreditando nisso. Acabo saindo da minha modalidade, da minha especialidade, que é o jiu-jítsu, e começo a trocar soco e chute com um cara que é especialista em soco. Aí eu tomo um nocaute, volto para casa e me pergunto o que aconteceu. Eu saí da minha modalidade e fui para outra. Então, eu vejo os caras do jiu-jítsu, hoje, saindo da especialidade, que é berço, que treinaram a vida inteira e, de repente, em dois, três anos mudam a característica de lutar. Se eu fosse um boxer, com 30 anos de boxe, eu não ia, em um ano de jiu-jítsu, querer treinar com o Royler no chão. Eu ia querer nocautear ele. Esse é o clique que o pessoal do jiu-jítsu, às vezes, não tem", comentou.
"Você acaba indo por esse caminho (migração para o MMA). Começou o vale-tudo, abriu um leque muito maior para todos nós, até de ganhar dinheiro, porque se pagava e se paga muito bem, se você é um cara de ponta. Então, quando você é campeão mundial, automaticamente, te joga para esse caminho. Tem boas ofertas. Acho que foi algo bem proveitoso, bem legal, eu fazia porque gostava. Gostava de competir e estava ali para saber como iria ganhar ou perder a luta. Eu lembro da minha luta contra o Sakuraba, que estava no auge, bem mais pesado, que eu queria ter a ideia de como ele iria me ganhar. Mas consegui lutar dois rounds de 15 minutos e, no final do último assalto, ele encaixou uma posição e o juiz teve que parar a luta para ele. Até hoje, a gente não sabe qual seria o resultado da luta. Eu não ia bater porque sei que sou flexível". - concluiu Royler Gracie.
Fonte: sportv.globo.com